Sinopse
Baseado em fatos reais, a história decorre sobre Clyde (Jeffrey Dean Morgan), um pai de duas filhas recém-separado, que faz de tudo para deixá-las felizes, então não dá muita importância quando sua filha mais nova, Em (Natasha Calis), fica obcecada por uma velha caixa de madeira encontrada em um brechó. Entretanto, aos poucos a menina se torna agressiva e quieta, levando seus pais a desconfiarem que seu comportamento tenha alguma relação com seu objeto precioso.
Critica & Curiosidades
O argumento de fazer um terror de cunho judaico é, sem dúvidas, um bom
começo. Ora, como é uma cultura milenar e tradicionalmente reclusa, é
interessante poder ver os mistérios sob um ponto de vista diferente do
clichê cristão ocidental, fugindo do óbvio ao ser apresentado às
explicações atípicas que, afinal, são partes integrantes da sua
religião, como o Dybbuk, por exemplo, um objeto que realmente existe no
judaísmo e possui o mesmo propósito explorado no filme.
No entanto, o leve desvio do óbvio não é o bastante, é preciso de algo
mais para que o filme funcione, algo que insira de vez o cotidiano do
espectador no universo do terror. Para isso, bastou uma única cena que
provavelmente não dura mais que dois minutos, um truque montagem que já
virou regra em filme históricos, o qual consiste na mistura de imagens
reais, encontradas com facilidade na internet, de site populares, como
youtube ou vimeo, no universo fictício. A partir desse exato ponto, por
mais absurdas que as situações pareçam, serão justificadas pelo simples
fato de já ter acontecido mesmo que um pouquinho parecido com alguém.
Assim, o longa atinge seu êxtase.
Ademais, a direção de Ole Bornedal se mantém bem coesa com sua virada
até o terceiro ato. Mesmo que apele para soluções repetidas, como a
câmera lenta enquanto o personagem se olha no espelho ou o pesado som
exponencial de garfos e pés ritmados para criar uma crescente tensão,
ele é feliz com elas, capaz de criar medo e expectativa quando deseja.
Até mesmo ao esconder o rosto do mal, o faz com competência, ao
distorcer sua imagem por trás de copos e jarros de vidro, por um
competente jogo de câmeras.
Contudo, todo o terror conquistado nos primeiros atos é destruído,
massacrado e completamente aniquilado pelo terceiro ato. Não satisfeitos
em criar um terror palpável com o ordinário, a produção simplesmente
ignora tudo que foi argumentado anteriormente e cai no pior dos clichês:
o verme. O mesmo mal que tinha sido escondido pela direção ganha face e
formato, se instalando como um parasita biológico, passível até de
raio-x, uma espécie de lombriga demoníaca. É angustiante reconhecer a
estupidez daquela que provavelmente deve ter sido pensada como grande
revelação da história, a qual não é ao menos coerente com a ideia real
de exorcismo apresentada anteriormente.
Possessão
é, pois, um filme quase: quase assusta, quase prende, quase funciona.
Mesmo seguindo pelo caminho correto e apresentando um elemento brilhante
para cativar a atenção do público, é impossível engolir seu desfecho
espalhafatoso, o qual deixa um gosto amargo de um filme enfadonho. Logo,
como é a última impressão sempre a que fica, essa amargura persiste
como um verme (ou demônio) por um bom tempo na boca do espectador, que
deve exorcizar de vez seu último ato e se lembrar do que fez valer seu
ingresso.
- Este filme foi Inicialmente intítulado Dibbuk Box.
- E o filme Possessão teve um orçamento de US$ 14 milhões.
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